quarta-feira, 24 de outubro de 2007

À porta do nascer

“o encontro com o berço original, o abrigo”
Para quem encontra naquele ambiente as suas raízes, todos os vulgares pormenores se tornam especiais.A indiferença quando do “berço” se fala depende das experiências lá passadas, no entanto, não há quem depois de a ele regressar não recorde o lá vivido.É bom recordar aquela conversa com a avó, aquela brincadeira com o avô e até aquele puxão de orelha da mãe, que apesar da nossa inocência de criança nos fez reflectir. A lembrança de quem lá nos acordava, todos os dias com um beijo, enche-nos de saudade, por não podermos agora ser nós a dar-lhe um beijo antes do seu adormecer.Se nascemos num berço de ouro ou mesmo de palha isso é indiferente. O importante é que foi nele que crescemos e foi ele que nos fez ser quem somos.E eu tanto me orgulho de ter crescido aos olhos de pessoas fantásticas, com uma sensibilidade incrível e que fizeram questão de guardar dentro de si o meu primeiro beijo, palavrão e até a minha primeira asneira, para hoje sorrir ao recordar tal rebeldia.É bom entrar, sentir e recordar que viemos dali. Abrir o armário e ver que o nosso monstro de infância desapareceu mas deixou o seu cheiro e ainda nos faz sentir aquele frio na barriga.Agora a saudade do nosso abrigo de criança, antecipa a criação do nosso abrigo para um futuro incerto mas sempre com o orgulho da nossa origem.

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