quarta-feira, 17 de março de 2010

Estação de Campanhã, 16 de Março, 2010

No banco da sala de espera, enquanto muitos aguardavam as ligações de comboio para suas casas, dou por mim rodeado por uma situação constrangedora.
De um lado uma família. Pais e filhos rodeados por sacos de compras, com comida e roupa para todos. A alegria entre todos era contagiante. Os bebés pareciam saudáveis, estvam felizes e espelhavam o que de melhor podemos encontrar num filho.
Do outro lado uma mulher e um bebé ao colo. A mãe vestida com pouca roupa e com aspecto de cigana. Não, talvez romena. Mas de qualquer forma parece reconfortada pelo calor do ar condicionado da sala de espera. A roupa colorida, com padrões estranhos, parece fina, fria e a única que veste desde há muito. A seus pés está apenas uma saca. Uma saca não cheia de comida, não cheia de roupa, mas cheia de fraldas, toalhetes e leite para a criança. Uma criança com poucos meses e com pele cor de cinza. A única preocupação, perceptível no magro rosto da mãe era o filho que trazia ao colo. Com beijos tentava aquecer, minuto sim, minuto sim, a face do pobre pequeno. A criança continuava a dormir enquanto a mãe olhava para ele e a mãe continuava a olhar enquanto o bebé sonhava com ela.
De um lado roupas velhas, de outro lado roupas novas, mas em ambos os casos havia o que de melhor existe. Havia sentimento, atenção, carinho e preocupação.
Entre os dois casos apenas uma diferença estragava o cenário. O ar de superioridade de uns em detrimento de outros. Pobres coitados os pobres de espírito.

1 comentário:

Queixinhas disse...

Infelizmente vivemos, cada vez mais, num país de preconceito. Em vez de ajudarmos e de nos sensibilizarmos com estes casos fazemos totalmente o contrário, ficamos indiferentes e até nos julgamos superiores...enfim, mentes pequeninas...
Ainda bem que não somos assim, não temos a mania das grandezas e nem nos andamos a pavonear nem a esfregar na cara dos outros aquilo que temos ou deixamos de ter. A simplicidade é a maior riqueza de todas.